Transplantes

O que é um transplante?

Um transplante (ou transplantação) é a transferência de células, tecidos ou órgãos vivos de uma pessoa (o dador) para outra (o receptor) ou de uma parte do corpo para outra (por exemplo, os enxertos de pele) com a finalidade de restabelecer uma função perdida.

O transplante pode trazer enormes benefícios às pessoas afetadas por doenças que, de outro modo, seriam incuráveis.

O transplante de órgãos pressupõe encontrar um dador compatível, bem como aceitar os riscos que implica submeter-se a uma grande cirurgia, utilizar poderosos fármacos imunossupressores, enfrentar uma possível rejeição do órgão transplantado e ultrapassar complicações graves ou inclusive a morte. De qualquer modo, nos casos de pessoas cujos órgãos vitais (como o coração, os pulmões, o fígado ou a medula óssea) deixaram de funcionar corretamente e é impossível que recuperem o seu funcionamento normal, o transplante de um órgão pode oferecer-lhes a única possibilidade de sobrevivência.

 

O que é um transplante de tecidos?

O transplante de tecidos é menos conhecido do que o transplante de órgãos por parte do público em geral, mas existem muitos tipos de tecido que também são transplantados para curar diversas doenças.

Curiosamente, os transplantes de tecidos foram realizados algumas décadas antes dos transplantes de órgãos, constituindo os verdadeiros percursores dos transplantes atuais.

Os tecidos que se podem transplantar são: córneas; peças osteotendinosas; pele; válvulas cardíacas; segmentos vasculares e membrana amniótica.

 

O que é um transplante de medula óssea?

O transplante de medula óssea consiste na transfusão no doente de células progenitoras retiradas da medula óssea do dador, com o objetivo de substituir as células doentes do recetor, formando-se novas células saudáveis.

Estes transplantes estão indicados em doenças congénitas ou adquiridas, tais como, leucemias agudas ou crónicas, aplasias medulares, imunodeficiências, etc. Para estes doentes, o ideal é encontrar um dador compatível entre os seus familiares mais diretos, mas esta situação só se verifica em 30% dos casos.

 

Quem pode ser transplantado?

Os doentes que sofram uma lesão irreversível num dos seus órgãos, sem que outro tipo de tratamento médico se adeque, a única solução possível para evitar a sua morte ou para melhorar a sua qualidade de vida é o transplante. Cada doente é incluído em lista de espera e é avaliado individualmente pela equipa de transplante.

 

Qual o período de espera?

O período de espera é variável e geralmento um pouco demorado tendo em conta a pouca disponibilidade de órgãos para transplante.

Quando um órgão fica disponível, o doente é contactado para que num espaço de tempo muito reduzido a intervenção se realize. Os órgãos, regra geral, não sobrevivem muito tempo fora do corpo humano, pelo que se um doente não estiver contactável perde a vez para outro.

 

O que acontece depois do transplante?

Depois do transplantre efetuam-se consultas de acompanhamento periódicas.

Muito embora a compatibilidade entre dador e recetor seja testada antes de um transplante, a prescrição de medicamentos imunossupressores é obrigatória de forma permanente, exceto nos transplantes de medula óssea.

Em casos de rejeição, poderá ser oferecido ao doente um novo transplante.

 

Quanto custa um transplante? Quem paga o transplante?

Os custos deste processo são assegurados pelo sistema de saúde ao qual pertence o doente. O órgão doado é transplantado gratuitamente, independentemente da condição social e económica do doente que o recebe. Toda a terapêutica associada ao transplante é suportada pelo Serviço Nacional de Saúde, e respetivos hospitais onde são efetuados os transplantes.

 

Listas de espera e critérios de distribuição dos órgãos

De modo a garantir os princípios de igualdade e equidade, os critérios são definidos tendo em conta dois aspetos fundamentais: aspetos regionais e aspetos clínicos.

Os critérios regionais permitem que os órgãos de dadores de uma determinada região sejam transplantados na mesma região, para diminuir ao máximo o tempo de isquémia (tempo máximo que pode decorrer entre a colheita do órgão e o seu transplante no recetor).

Os critérios clínicos definem a compatibilidade entre dador/recetor e a gravidade do doente. Existe um critério clínico que está acima dos critérios regionais, que consiste na urgência/emergência da necessidade do doente relativamente ao transplante. Um pedido superurgente ou emergente tem prioridade absoluta em todo o território nacional.

Para pedidos de outras naturezas, os órgãos são atribuídos de acordo com os critérios territoriais. A equipa de transplante decide, consultando a lista de espera, qual o doente mais indicado para receber o órgão, seguindo os critérios clínicos: compatibilidade do grupo sanguíneo, características antropométricas, gravidade do doente, etc.